Pesquisar neste blogue

Tudo é aprendizagem|Breve História sobre Mim

A história começa assim.
Quem nunca falhou nesta vida? 
Quem nunca aprendeu com os erros e experiências? 
Quem nunca se arrependeu de algumas escolhas?
Quem nunca errou que atire a primeira pedra. 
Era uma vez...
Há uns anos eu era assim. 
Uma miúda com o ego no seu auge. 
E com todo um mundo dentro da minha barriga.
Vivia na ideia que tudo era como eu queria. Tudo era festa e diversão.
E não tinha responsabilidade nenhuma.
Andorra foi uma das minhas primeiras "más" escolhas.
Mas se não tivesse vivido lá...
Não seria aquilo que hoje me orgulho de ser.
Vivi nas montanhas durante algum tempo. 
Tenho esse pequeno e louco país no meu coração. 
Depois de passar por amores e desamores fiquei sozinha por lá.
A melhor decisão de sempre.
Foi aí que comecei a viver e a crescer a sério. 
Foi nesse momento que aprendi a estar sozinha e a ser uma mulher. 
Por vezes cometi erros. Mas aprendi muito lá.  
Tinha dois trabalhos. Um de dia e outro à noite. 
Trabalhava para pagar as minhas contas e nunca mais passar fome. 
Passei um ano numa casa chamada "minha". 
As minhas contas, a minha comida. 
Os meus móveis. 
A minha organização. O meu espaço. 
A minha responsabilidade. E amei a experiência. 
Aprendi a sobreviver às tempestades da vida. 
Aprendi a lidar comigo mesma. 
Conheci pessoas maravilhosas. Outras não tanto.
Mas aprendi com todas as pessoas que passaram no meu caminho.
Depois de algum tempo comecei a sentir que já não fazia sentido viver ali.
A solidão por vezes não é boa. E eu não estava completa.
Por isso vendi os eletrodomésticos e ofereci toda a mobília. 
Senti pela primeira vez a arte do desapego. 
Nada é meu. Nada é de ninguém.
Tudo é partilha. Eu não quero nem preciso de nada.
Mudei-me para casa de umas amigas para juntar dinheiro.
Porque tinha a ideia de ir-me embora.
Despedi-me de gente boa. Amigos que até hoje estão no meu coração. 
E lancei-me ao desafio de fazer malas e voltar para Portugal.
Mas antes... lancei-me de um slide!!!! :)
Naturlandia - Andorra
Senti aí o primeiro passo contra o medo. 
Com ajuda de amigos fiz e desfiz malas. 
E parti de Andorra pela última vez.
Iniciei um novo caminho. 
Voltaria então para Portugal. 
Viana do Castelo - o meu berço.
Voltei no final do ano 2013.
Cheia de vontade de continuar a ser aquilo que começava a ser. 
Estava bem comigo. Estava feliz.
Voltei para perto da família. 
Eles sempre sofreram com as minhas ausências. 
Sou filha única e sei que custava estar longe. 
Estive muito tempo sem ver o meu bichinho.
Tenho-lhe muito amor. E sofri muito quando estava ausente. 
Decidi voltar a Braga. Iniciar uma nova vida.
Já tinha estudado lá e não tinha (nem tenho ainda) o curso acabado.
Queria estar sozinha mas perto de casa. 
Estava cansada de estar longe. 
Mas queria mesmo estar sozinha...
Na minha cabeça já não fazia sentido viver com os meus pais. 
Passei de novo pela ponte de Prado. Adoro esta ponte!
Fui viver para Braga no início de 2014.
Arranjei trabalho por lá e a ideia seria reiniciar a universidade em setembro. 
Eu acreditava que tinha dinheiro para tudo... 
E estava cheia de certezas nessa altura.
Fui viver para um quarto por ser mais barato. 
Numa casa com pessoas muito boas, humildes e adultas.
Ganhei amigos a sério naquela casa.
Amigos que ficarão para sempre.
Que estiveram lá quando eu mais precisei. 
Continuei responsável. Achava eu!! 
Não adormecia de manhã e estava bem no meu trabalho. 
Mas sentia que não tinha dinheiro para tudo. 
E as dificuldades apareciam...
Ia saindo para me distrair. 
Conhecia muita gente e nunca estava parada muito tempo.
Acho que esse foi o meu grande problema.
Não sabia parar. 
Não queria parar. 
Era sempre uma festa.
Mesmo nos momentos maus, havia muito bom humor.
E entre-ajuda acima de tudo com os colegas de casa.
Saiamos juntos. Riamos muito. Era bom. 
Mas não era tudo....
Até que eu parei. 
Parei para pensar. 
Não estava a fazer as coisas bem.
Por mais que estivesse a trabalhar, não tinha condições suficientes para estudar. 
Tinha mudado para um trabalho onde fazia mais de 10h seguidas.
E não era compensatório.
Comecei a ficar angustiada. E sem saber o que fazer.
Entrei em colapso. 
Com os nervos à flor da pele e com o stress dei por mim a ficar louca.
Não sabia mais o que fazer. 
Senti-me mais uma vez a fracassar. 
E tive de assumir a fraqueza. 
Um dia falei com os meus pais sobre o que se passava. 
Contei-lhes que o meu trabalho não era bom.
Que não podia continuar porque me estava a afectar a saúde.
E pedi - por favor - que me deixassem voltar para casa.
Como pais que são... disseram que sim.
E em Julho mudei-me para Viana. 
Outra vez. 
Decidi aproveitar para parar e pensar bem no que estava a fazer da minha vida.
Não tinha poiso certo. Os meus amigos estavam longe. 
 E só o Facebook e o Skype me faziam estar perto dessas pessoas.
Pensei em tudo. Que não estava a tomar as melhores decisões nos últimos tempos.
Que desde que tinha saído de Andorra, as coisas nunca mais ficaram calmas.
Que tinha mesmo de pensar a sério no que queria.
Parei. 
Aproveitei muitas idas à praia para resolver a minha cabeça.
A ideia era assumir as minhas falhas.
Não sou responsável ainda. Achava que era. Mas não era.
Não sabia (e ainda não sei bem) gerir o meu dinheiro. 
Tinha de ficar na casa dos meus pais - contra minha vontade - e aprender.
Aprender a lidar com realidades que não existiam em Andorra.
Ou eu lá não as via.
Peguei no meu dinheiro e fugi dos problemas. 
Em desespero fugi para me encontrar. 
Fui acampar sozinha. Num festival. Nunca o tinha feito. 
Saí da minha zona de conforto e decidi ir à aventura.
A melhor decisão de sempre. Sem duvida. 
Ri muito. Pensei muito nas minhas escolhas. 
Estava com a certeza que iria aprender a ser mais responsável na casa dos meus pais. 
Juntar dinheiro para poder ser finalmente independente. 
E assumir os meus erros. E  acima de tudo aprender com eles.
Nesse mesmo festival conheci o homem que até hoje, depois um ano e 2 meses, me acompanha.
É o meu companheiro nesta luta de aprendizagem constante. 
Isto não é fácil. Ainda hoje não o é. 
Mas se eu achei que estava a mudar muito em Andorra, hoje em dia, essa mudança nota-se.
Muito mais. Cada dia mais. 

Hoje em dia, quando me pergunto, nos momentos de pura solicitude, se estou bem, se estou melhor, se estou mais crescida, digo que SIM! Estou muito diferente. Muito melhor pessoa.
Ainda com falhas, é óbvio, mas como disse no inicio desta brincadeira, quem nunca falhou? Quem não tem falhas durante toda a vida?

Fazemos escolhas complicadas. Erradas por vezes. Mas naquele preciso momento é aquilo! É aquilo que queremos. É aquilo que somos. E é por aquilo que lutamos nesse preciso momento. 
Podemos nos arrepender depois, mas as escolhas da nossa vida são nossas. Nós criamos tudo. Tudo mesmo!

Hoje. 2015. Estou orgulhosa do que sou. Porque sei que estou no bom caminho da mudança para ser ainda melhor. :)

Fotos minhas|Pinterest|Instagram

Férias

Estive de férias durante 5 dias. Deu para passear muito, repor baterias e carregar me de energia positiva. Estava mesmo a precisar. Até no trabalho dizem que estou diferente...
O meu pai fez anos no domingo e fomos para Viana. Passamos lá uns dias, fomos para a praia da Póvoa do Varzim e andamos pelo zoo da Maia. Uns dias maravilhosos. Agora estou de volta à carga. Mais forte que nunca!
Vamos aproveitar esta boa maré...

 

Fotos tiradas por mim|Pinterest|Instagram

Bukowski: Born into This


Henry Charles Bukowski Jr.
Nascido Heinrich Karl Bukowski em Andernach – Alemanha a 16 de Agosto de 1920 e falecido em Los Angeles a 9 de Março de 1994.
Bukowski foi um poeta, contista e romancista estadunidense nascido na Alemanha. A sua obra de caráter - inicialmente - obsceno e estilo totalmente coloquial, com descrições dos seus trabalhos e dos seus relacionamentos baratos, fascinaram gerações que procuravam uma obra com a qual pudessem se identificar.

O documentário “Bukowski: Born into This” de 2003 – com pontuação de 7.9 no IMDB - retrata a vida real de um homem que nunca pensou ganhar dinheiro com a escrita nem ser famoso. E acabou sendo os dois.







Imagens retiradas do Pinterest - ver mais aqui 

“Se você não existisse, que falta faria?”

Hoje decidi ver um excerto de uma palestra do Mário Sérgio Cortella. Ora este senhor professor Mário é um filósofo, escritor e professor brasileiro. Basicamente é um génio a falar. A primeira vez que o ouvi falar foi no filme “Eu Maior”, “um filme sobre autoconhecimento e busca da felicidade onde foram entrevistadas trinta personalidades, incluindo líderes espirituais, intelectuais, artistas e desportistas” (para ver no YouTube aqui- aconselho vivamente).

Vi então um excerto de quase uma hora e meia da palestra “Qual é a tua obra?”. Não sei o que me fez abrir aquele vídeo. Acho que a pergunta inicial fez-me pensar: “Se você não existisse, que falta faria?”… Comecei a ver em busca de uma resposta rápida. Achava que não iria conseguir ficar uma hora e meia a ouvir um monólogo mas na verdade…fiquei. Fiquei e valeu muito a pena.

Toda a palestra tem a ver com a nossa “obra”. Mas que obra é essa afinal? A obra é aquilo que deixamos quando partimos. A obra é o nosso caminho nesta vida. É o que somos. Podemo-nos sentir um nada ou alguém que faz algo. Cabe-nos a nós decidir o que queremos fazer, ser ou deixar até ao final do nosso caminho.

Uma parte marcante para mim foi no início do minuto ’50, quando o Professor Mário fala do “Reino da Mediocridade”. Nesse momento ele comenta que sendo a esperança média de vida aos 75 anos e, se nós dormimos cerca de 8 horas por dia, estaremos a dormir durante 25 anos da nossa vida! Isto chocou-me! Primeiro porque eu adoro dormir e depois porque nos faz ver como dormir é realmente uma perda de tempo! No seguimento das médias comenta também que comemos cerca de 1.5kg de comida (solida, liquida e/ou gasosa) por dia. Ou seja, cerca de 42 toneladas de comida em 75 anos! E como seres humanos que somos, com as nossas necessidades fisiológicas, “largamos” cerca de 42 toneladas de excrementos em 75 anos! Pensando à grande escala… isto assusta!

Mas mesmo assim, o ser humano adora dormir, comer e “excrementar” usando graciosamente a expressão dele. E ainda assim queixa-se! Queixamo-nos de falta de tempo! Como nos podemos queixar de falta de tempo se gastamos em média 25 anos (!) a dormir? E mais outros anos a ver televisão? (isto para quem tem tv; eu pessoalmente não tenho)

Há famílias que dizem não ter tempo para os filhos ou para si próprios, mas têm tempo para se sentar em frente à televisão durante uma ou duas horas e ver outros seres humanos a dormir, comer e excrementar (fazendo uma grande crítica aos programas televisivos com pessoas ditas normais chamados de reality shows). E outros, que mesmo não tendo televisão, tem telemóveis e tablets e computadores que, mesmo passando horas entretidos com a vida dos outros, dizem não ter tempo para eles ou para a família.

Qual é a tua obra afinal? Que pensamos fazer afinal? Continuar as nossas vidas medíocres? Queixarmo-nos todo o tempo até estarmos no leito final, numa cama de hospital, a pedir ao médico mais uma hora para falar com o irmão que não fala há 10 anos? Ou com o marido nem que seja para dizer o quanto o ama? Citando o Professor Mário, “falam na partida daquilo que era importante na travessia.” Porque quando estamos vivos ou bem de saúde, limitamo-nos a viver a vida. Sem pensar na quão curta ela é.

Mas mesmo a vida sendo curta, nós temos é de não permitir que seja pequena. Segundo o professor, temos de nos perguntar ao longo da nossa vida: “porque fizeste o que fizeste?”; e também, “porque não fizeste o que querias fazer quando podias tê-lo feito?”

Segundo ele informa, a Regra 34 de São Bento diz: “É proibido resmungar!”.
Podemos discutir, debater e contrariar mas nunca, em momento algum, resmungar. Resmungar é o que faz o pessimista. O pessimista “espera sentado que dê errado”, citando o professor. Não se mexe. É medíocre. E um ser medíocre não tem caprichos.
Pois segundo o professor (e eu amei esta frase): “capricho é fazer o melhor na condição que se tem, enquanto não se tem condições para fazer melhor ainda”.

Quando perguntam então qual é a obra afinal, a resposta tem de vir de dentro. Temos de saber dizer que estamos a fazer o nosso melhor e não apenas o possível.
Independentemente das condições fazer sempre, mas sempre, o melhor que podemos! E é assim que fazemos a nossa obra.

“Quando você se for… e você vai. E eu também…que vai ficar?”

Parar é preciso.

Sei que poderá ser do período estar a chegar. Sei que poderá ser do tempo. Sei que poderá ser da minha cabeça. Mas na realidade parece que por vezes não me consigo mexer.
Fico parada no meu canto como se alguma força me prendesse. Como se algo me obrigasse a não fazer nada. A não ser nada. Simplesmente ver tudo a passar e não fazer nada para mudar. Acontece me muitas vezes. No trabalho. Na vida pessoal.
Ter por exemplo um anúncio de um emprego novo e não me candidatar. Ou querer arranjar as unhas e não me mexer com preguiça.
Sei que pode ser paranóia. Pode ser meu. Um problema meu. Da minha cabeça.
Mas acontece tantas vezes que chego a pensar que há alguma força por aí.
Mas na verdade sou apenas eu. Que não tenho vontade de fazer nada. E o corpo manda. E a preguiça vence.
Vou descansar. Hoje não me recomendo. 

 
Foto do Pinterest - ver mais aqui