Morreu uma pessoa importante para mim que nunca saberá o quão importante era.
Nunca poderei dizer o quanto me apoiou quando trabalhávamos juntos num campo de batalha. Nunca poderei dizer que as piadas secas que saiam da sua voz rouca me alegravam o dia de trabalho, duro, muito duro, que tivemos enquanto estive lá.
Quando mudamos de emprego perdemos pessoas. Pessoas com quem falávamos todos os dias, que quase se tornam família e ouvem os nossos segredos. Com o tempo, deixamos de falar. Porque a vida continua e o vínculo que tínhamos perde-se pelo caminho. É normal que assim seja.
Ainda assim, esta pessoa morreu e eu não tive oportunidade de lhe dizer o quão importante ele era. E dói. Mas estas dores são importantes.
Perder alguém aviva-nos a memória da não eternidade.
Achamos sempre que temos tempo, que tudo dura, que tudo é garantido. Mas não é.
Esta vida é um sopro. Tão pequenino que, se pensarmos muito nisso, chega até a ser depressivo.
Por isso evitamos tanto falar da morte. Porque sabemos que existe, mas não queremos que nos visite. Sabemos que a qualquer momento vai aparecer, mas nunca a esperamos.
Com este choque, de uma morte súbita de uma pessoa boa, relembro que nada é eterno. Nem nós, nem o mundo. Tudo muda, tudo se desenvolve e cabe a cada um de nós fazer o melhor possível todos os dias, porque no dia que a morte chega, podemos vir a ter alguém que sofre baixinho e diz em pensamento: “foste muito importante para mim, mesmo sem saberes”.
Obrigada Nery pelo pedacinho de ti que deixaste em mim. ❤