Pesquisar neste blogue

Foco não é a mesma coisa que rotina

A jornada do autoconhecimento é diária e vitalícia. O que gostas agora, dentro de um ano podes já não gostar. O que vestes este ano, no próximo pode te parecer foleiro. O que ouves hoje não será o que ouvirás para sempre. A vida tem esta forma mágica de nos dizer que as rotinas são um mito!

             É saudável viver com um foco, mas foco não é a mesma coisa que rotina.

Rotina é fazermos sempre o mesmo. Foco é caminharmos para um lugar que sabemos que é o nosso.


Durante muito tempo confundi as palavras. Achava que precisava de uma rotina para ser feliz. Erro. Grande erro. O que eu precisava realmente era de um foco, de um rumo. Precisava de saber para onde ir e como começar. E demorei anos para chegar a esta conclusão.

Portanto, todos os erros até então, devem-se ao facto de eu nunca ter tido um foco. Nunca quis saber para onde ir. Simplesmente ia. Após me perdoar deste meu erro crasso, aqui estou para vos explicar o que já aprendi.

                   


Sempre roubei esta frase: “se não sabes para onde vais, qualquer caminho é certo.”
Lamentavelmente, nunca lhe dei uso real. Nunca procurei, nem nunca soube qual era o meu caminho. E agora, perto dos 36 anos, descobri o quão difícil foi para mim criar um foco.

Para onde vou? O que quero realmente?
Quais os meus objetivos reais? O que quero para a vida?
Que planos? Que sonhos?


Encontro agora as respostas. Depois de muito tempo a fazer listas interminaveis de coisa nenhuma. Só futilidades. Uns sapatos novos? Isso é algum foco por acaso? É, se tiveres 15 anos. Vou fazer 36!! E só agora ganhei a coragem de dizer: eu quero fazer algo por mim! E vou! 

Que venha setembro, com novos projetos, novas viagens - vou a Lisboa, mas depois conto-vos tudo! - vou ter novos produtos, chegam novas ideias! Tudo está a fluir e eu estou exatamente onde quero estar.

Sei o meu foco. Encontrei o meu caminho e agora é só seguir em frente.

Com amor,
Ana. 

Relação com maturidade: estar sozinha não é estar só

Uma relação com maturidade é uma relação onde não precisas da pessoa. Simplesmente estás porque queres. Porque te faz bem e te acrescenta. E nunca porque mendigas amor ou precisas de ter alguém ao teu lado.



Se gostas de ti e se te conheces bem, toda a solidão passa a solicitude. Acabas por apreciar a tua própria companhia. E isso é tão bom! Mesmo quando tens alguém.


Com amor,
Ana

Como viver de forma equilibrada

Nunca te esqueças que o essencial à vida é o mais simples que podes imaginar: uma boa alimentação, descanso e exercício equilibrados e uma mente calma. Estes são os quatro grandes pilares da felicidade. 



Se algum destes pilares se encontrar em desequilíbrio, a nossa vida começa a gritar por socorro e algo deve ser feito. Viver de forma consciente é exatamente isto: saber quando o nosso equilíbrio não está a 100% e saber como mudar isso. 


Eu sigo a minha vida com estas quatro leis: 

- Comer bem

- Descansar o necessário

- Movimentar diariamente

- Viver uma vida com calma 



Nem sempre é fácil viver em equilíbrio. Ou porque a preguiça surge e não vou caminhar, o meu corpo limita-se a aceitar o sofá e a vontade de fazer exercício desvanece. Ou então, porque vou jantar fora e como algo mais exagerado e sei que a minha saúde vai se abalar por uns momentos. 

É normal que isto aconteça. O equilíbrio da vida é isto mesmo. Tão natural como a respiração. Umas vezes estamos conscientes que respiramos - por exemplo durante uma meditação - e noutros momentos esquecemo-nos de cuidar de nós e lá vem o corpo gritar por ajuda. E está tudo bem que assim seja. 

Devemos evitar o desequilíbrio constante. 

É necessário optarmos por escrever numa agenda, por exemplo, o que vamos comer durante a semana. Dessa forma, sabemos, se comermos algo que não nos caiu bem, qual o alimento a evitar. Tem sido assim que estou a descobrir certos alimentos que antes era tolerante, mas, hoje em dia, já não sou.

Outra estratégia é contrariar o corpo quando este não se quer mexer. Se estou com vontade de ficar no sofá, calço as sapatilhas - contrariada - e penso: "é só meia hora". E vou! E acabo por gostar e aproveito o momento. 

Em relação a dormir bem, este tema ainda é tabu. Cada pessoa é uma pessoa e se o nosso Presidente Marcelo só tem de dormir 4 ou 5 horas por dia, eu não sobrevivo sem conseguir dormir pelo menos 7! Cada um é como cada qual e cabe a cada um descobrir-se! 

Ouvir o nosso corpo é extremamente importante. Ele fala sempre connosco e nós só temos de o saber ouvir. Quando nos descobrimos, vivemos a vida dos nossos sonhos. Nunca estamos a fazer nada que não queiramos fazer, não vamos mais procrastinar e tudo na vida flui da melhor maneira possível. 

E é tão bom viver assim. Todos deviam experimentar! ❤❤❤

Com amor,
Ana

Como sentir a leveza da vida

Não sou perfeita. Não sou calma nem sossegada. Sou um furacão animado em busca de tudo. Sou curiosa e atrevida. Quero saber tudo sobre tudo. Vivo com base no bem. Só aceito a verdade. Mesmo quando dói. E, por vezes, dói muito. 


A verdade é o bem mais precioso que temos e a leveza de vida é o que mais buscamos. Mas como se define a leveza? Como sabemos qual o tipo de leveza que mais se adequa a cada um de nós? 


Para uns, ser leve é estar relaxado na praia, a fazer pouco. 

Para outros, levar uma vida leve pode ser trabalhar muito para atingir os objetivos e sentir a leveza desafogada de um estilo de vida equilibrado financeiramente por exemplo. 

Olha para dentro. Não há certo ou errado. 

A vida que tu escolhes para ti é aquela que TU sabes que mereces. É a vida que TU procuras e te sentes merecedor. Independentemente do estilo que escolhas, do caminho que trilhes. É Tua! 


Eu opto por trabalhar muito. Procuro o meu equilíbrio emocional e financeiro. Busco uma vida desafogada financeiramente. Evito o stress com terapias e métodos de relaxamento que me ajudam a não ser tão ansiosa. Estou focada e consciente do que quero e não desisto nem um minuto. 

Abdico de festas, compras, jantares especiais em prol de construir a vida dos meus sonhos. Tudo se faz caminhando. Estar parada nunca foi o meu foco. 

Estou no bom caminho. Sei que estou. E felizmente já vejo a luz ao fundo do túnel que me indica que o meu tempo de sacrifício está a terminar. Está tudo certo. Que assim seja. ❤

Com amor, 
Ana 

Vão te julgar sempre. Caga nisso.


Às vezes perdemos momentos mágicos na nossa vida por medo de tentar, por medo do julgamento externo, por medo de não aceitarem a nossa essência. 


Chega uma altura da nossa vida que dizemos "Basta!" e tudo começa a fluir. Tudo começa a criar o seu caminho de forma tão natural que é aí onde nos deparamos que estamos a fazer a coisa certa. Simplesmente tudo flui.


Atualmente vivo a vida dos meus sonhos. Mesmo quando as coisas correm menos bem, tento dar a volta ao assunto, ignoro o medo, desafio o desafio. 

Não permito mais que o stress me consuma. Não permito mais que o medo me invada a alma e me destrua ou pare. Não permito! Basta!

Pensamento positivo. 

Mentalidade aberta para aprender. 

Coragem para seguir em frente. 

Sem medos. 

Sou grata por tudo o que me acontece. Aguardo por mais ❤️ Assim é. 

Com amor,
Ana

Motivação Pessoal: como é que se aprende a estar sozinho?

Não me vou cansar de contar esta história. E, geralmente, uso-a nas minhas palestras de motivação pessoal.

Há uns anos, quando fiquei sozinha na Porto, não tinha companhia para ir a lugares incomuns. Houve uma vez, nos Maus Hábitos, um concerto de uma banda de rock psicadélico japonês. 

Perguntei às minhas amigas se queriam ir e nenhuma gostava daquilo e nenhuma se atrevia a ir. Lembro-me de ter ficado imensamente triste. Desamparada. Queria ir a um concerto e não podia porque não tinha companhia. 

Sei que essa noite foi o gatilho da minha mudança. 





Em casa, já de pijama e com um péssimo humor de quem não estava onde queria, nem a fazer o que queria, vesti-me, chamei um taxi e fui. Sozinha. 

Estava super envergonhada por estar num bar, sozinha. Mas, ainda assim, entrei com coragem e coração aberto para o que fosse que viesse ao meu encontro. 

Na fila da frente, sozinha, ouvi o concerto todo ao lado de um rapaz, também ele sozinho. Foi quase uma união bonita de dois seres que gostavam da mesma música e partilhamos esse momento mágico em silêncio. 

Em momento algum falamos. Apenas trocamos olhares e sorrisos de compreensão. Aproveitamos o som psicadélico das guitarras. Dançamos ao som daquela música com letra que nenhum percebia. Mas sentimos tudo como se fossemos família. Nós. A banda. Todo o bar. Tudo fluiu em uno.

A partir dessa noite, nunca mais disse não a mim. 

A partir desse momento mágico, sempre que quero ir a algum lado e não tenho companhia, vou eu. Sem medo. Sem vergonha. 

Nunca estamos sozinhos. Sempre se encontra alguém. Sempre aprendemos algo. Vivemos aquele momento só nosso e permitimos que a magia aconteça. Porque acontece sempre alguma coisa. Confia em mim. 

O meu conselho para hoje é este:
Vai! Vai sem medo. Não te digas Não e vai! 

Não precisas de ninguém para trilhar o teu caminho. Até porque nunca estamos sozinhos. Assim é. ❤ 

Com amor, 
Ana

Reabrir. Estranhar. Evoluir. Hibernar. Renascer.

Demorei cerca de um ano a voltar a escrever. 

Durante este período, estive a aprender a lidar com uma nova Ana que apareceu sem aviso. Precisei de me permitir reabrir, apesar de estranhar, para depois evoluir, hibernar e, finalmente, renascer.


Vivi, o máximo que pude, de forma consciente nos últimos meses.



Viver consciente a toda a hora é impossível. Somos seres imperfeitos. Somos humanos. Temos sentimentos e emoções que nos fazem vibrar mais em baixo de vez em quando. E tudo bem. É normal que assim seja. ❤


Ainda assim, tentei viver sempre a sentir tudo - como ainda hoje sinto - a notar cada diferença que surgia no meu pensar. Foi tudo muito confuso no início, confesso.

Toda essa mudança provocou-me imensa ansiedade. Chorei muito. Tive momentos que quis abandonar tudo e voltar para a minha caverna de vida pacata sem rumo. 

Geralmente, escondermo-nos chega a ser mais fácil e dói menos. Mas não sais dali, não evoluis, não cresces. Nem superas os teus medos. 

E todo o turbilhão de emoções que vivi fez com que chegasse ao aqui e ao agora. 

Vivo esta evolução bonita de humana que escolheu aprender, evoluir e renovar-se. Mesmo quando custa, dói e transforma. 

A minha partilha de hoje e sempre será: "não te feches!"; "solta-te!", "sê tu!"

Permite-te ser tu mesmo/a porque só assim te permites ser feliz. 

Aceita-te tal como és e não deixes que ninguém te faça sentir pequena. 

És gigante, uma pessoa maravilhosa e única e isso ninguém te tira. 

É o recado para hoje.

Sempre com amor, 
Ana 

A minha missão no mundo é, garantidamente, partilhar a minha verdade

A realidade é mesmo esta: estou cá para partilhar a minha história e inspirar as outras pessoas. 

O feedback em relação ao artigo sobre toda a verdade dos últimos tempos foi fantástico. Estou muito grata por todas as mensagens que recebi. Erros, todos cometemos. Problemas, todos temos. Não sou nem serei a única. 

Ainda assim, cabe a cada um de nós aprender e evoluir com cada erro cometido. E eu cá ando, a aprender com os meus, a cometer novos erros e a partilhar toda a minha experiencia como exemplo. 




Viver é isto. 

É errar e tentar de novo. 
É aprender e seguir em frente. 
É ter uma desilusão e saber enfrentá-la e sair do fundo. 
É viver consciente e aceitar as coisas como são. 

É partilhar experiência!

Não é possível mudar toda a gente.
Não é viável tentar agradar tudo e todos. 
Não faz sentido nem é o correto. 

Abro o meu coração a todos os seres que aparecem no meu caminho.
Não sei ser de outra forma e recuso-me a mudar esta minha forma de ser.
Ser empática é parte da minha essência e adoro ser assim. Desde sempre.

Poder ouvir os outros, lançar uma palavra amiga, que pode mudar uma vida! Essa sensação de poder melhorar o mundo de uma pessoa só com apenas uma palavra de amor, um conselho simples ou um abraço até... são estas coisas que faço de coração, sem pedir nada em troca. 

Esse tipo de amor é gratuito. E é o meu favorito. ❤

Sempre com amor, 
Ana 

Parar e descansar: Sim. Desistir: Nunca!

Viver a vida dos nossos sonhos implica fazer esforços diários e aceitar que nem sempre está tudo bem. 

Há dias que podemos acordar mais em baixo - por culpa da menstruação por exemplo - ou mais preguiçosas. É normal. É normal não estar bem a toda a hora. 


Mas há que fazer o nosso melhor. 

Vibrar em Amor. 

Ter pensamento positivo. 

Agradecer o que já temos. 

Sonhar alto. 

Não desistir! 

Não estamos sozinh@s. 

Com amor,
Ana

O Caminho do Autoconhecimento 2.0

 Querido diário: 
(ai que saudades que eu tinha de escrever isto) 


2023: autoconhecimento atualizado 2.0


Em primeiro lugar, se não leste o artigo anterior, clica aqui e lê. Nada do que eu escreva a partir de agora te vai fazer sentido se não leres o início disto tudo. 

Estamos no querido mês de agosto do ano 2023. Meu diário: é tão bom estar de volta! 


Depois de chorar baba e ranho ao escrever o artigo anterior, sinto-me com a alma lavada e estou pronta para partilhar mais. Vamos portanto falar do agora

Não escrevo há um ano! Ok, tenho escrito algumas coisinhas, mas nada que venha do fundo, tal como eu amo escrever.

Foi necessário recolher. Foi necessário olhar para dentro durante um tempo. 

Pensei em apagar tudo do blog e escrever algo novo.


Cheguei até a criar um novo blog, numa outra plataforma. Mas, na verdade, se na vida não podemos apagar o passado, também não faço questão de o fazer na internet. 

Malta: estou atualmente a viver a vida dos meus sonhos. Não é espetacular poder dizer isto? Yeaah! 

Custou imenso chegar até aqui. Passei este ano em profundo autoconhecimento e ainda há imenso trabalho a fazer. Mas estou no bom caminho. Estou no caminho certo! 



Reapareço renovada. Sinto-me bem. Sinto-me realizada. Sinto-me pronta.

Neste último ano, sem escrever no blog, apenas partilhava motivação nas redes sociais. Foquei-me nisso durante o ano inteiro. Foco, motivação e crescimento pessoal. 

Todos os dias me motivei a ser melhor. Todos os dias fiz o esforço de aprender a lidar comigo e com os outros. Todos os dias aprendi a cuidar de mim. Sou grata. 

A Ana de 2021 já não existe.
A Ana de 2022 transformou-se.
A Ana de 2023 está pronta. 


Não posso estar mais orgulhosa. ❤ Está tudo certo. ❤

Com amor,
Ana 

Dez anos separam a Ana que escreveu um diário - que deu em livro - da Ana que atualmente vos escreve.

Olhando para trás, já não me reconheço. E ainda bem. Isto de ser sempre o mesmo, não nos leva a lado nenhum. E eu já andei muito.

Nestes últimos 10 anos vivi em Braga e no Porto até decidir, em 2018, voltar para a minha cidade, que é Viana do Castelo. Talvez seja melhor começar a partir daí, senão este artigo vai ficar ainda maior do que já vai ser. Vem aí texto longo! (e talvez o texto mais difícil de escrever de 2023)

Posso dizer que o nome Almofada Voadora vem exatamente dessa minha necessidade de andar de um lado para o outro, sem saber ao certo onde pousar. Tem sido assim a minha vida toda, desde que saí de Portugal, em 2011.

Andei todo este tempo em busca de um lugar meu. Procurava um ninho onde ficar, onde me sentisse segura e onde não tivesse vontade de sair. Procurava a minha Casa. Na verdade, nenhum sítio me serviu. Porque se não estás bem contigo mesma, nenhum sítio é bom. Agora sei disso. 


Em 2018 passei por uma depressão muito feia, por culpa de um desgosto de amor. 

Uma coisa é tu deixares uma pessoa porque não dá mais e, em mútuo acordo, cada um segue o seu caminho. E outra, completamente diferente, é seres abandonada do dia para a noite, quando achavas que tudo estava bem e não havia razões para terminar. 

Nessa altura, caí bem fundo e só agora, passados estes anos todos - nem os quero contar - é que sinto que estou a viver de novo a vida que sempre lutei para ter. Os meus sonhos foram todos destruidos nesse ano. Tudo o que tinha construido, tinha caído por terra numa sexta-feira negra e repleta de dor. 

Decidi voltar para a casa dos meus pais. Mas, mais uma vez, esta Almofada Voadora não queria estar naquele ninho. 

A casa dos meus pais não era o meu ninho, não era a minha Casa. 

Porque a casa era deles. A energia era deles, a decoração era deles, o espaço era deles. Eu estava a mais. Sempre me senti a mais. Mas também era impossível viver sozinha, porque tudo era caro e eu tinha uma péssima gestão financeira. 

Resignei-me à minha vida pacata de casa-trabalho durante anos. Pensava que tudo estava curado, que tudo estava bem, mas só estava confortável. Vivia num abismo de dor confortável. Cheguei quase a gostar desse abismo. Mas já lá chego.


Em 2021 decidi lançar o meu livro. Como passava o meu tempo livre a ler e a escrever, tinha tomado a decisão de partilhar o que escrevia mais a fundo. Publicar um livro foi dos desafios mais espetaculares da minha vida. 


Em contacto com o Pedro Chagas Freitas, que foi um apoio fenomenal neste meu caminho literário, expus-me ao mundo contando a minha história. Não tinha ideia que ia ser um sucesso, não imaginava que ia encher um auditório e mais gente viria se as condições do covid o tivessem permitido. 

Não acreditava em mim, mas fui na mesma. E fui imensamente surpreendida pela positiva. Sou muito grata por esse momento tão especial na minha vida.


***

Se chegaste até aqui, obrigada. A parte mais difícil deste artigo chega agora. 

***

No meio disto tudo, entre os anos que passaram, fiz obras na casa dos meus pais, para poder criar o meu cantinho, saí com amigos e amigas, fiz um curso de Desenvolvimento Pessoal, estudei Massagens e Terapias de SPA, fiz palestras e escrevi artigos sobre a ansiedade que me acompanha desde que me lembro e aprendi a lidar com ela, sem NUNCA me perguntar: "como posso eliminar por completo esta minha ansiedade?

Sabem por que razão nunca me perguntei isso? Porque EU GOSTAVA da companhia da ansiedade. Para mim, a ansiedade era como uma melhor amiga.

A ansiedade nunca me abandonaria, como me fizeram no passado.
(entendem a razão de ter falado de 2018? daquele abandono horrível? pronto, é isso!)

Apesar de todos os meus conselhos sobre como lidar com a ansiedade ou como controlá-la, nem eu mesma sabia - ou queria - deixar de a ter! 

Como poderia escrever/aconselhar/falar com as pessoas sobre algo, se nem eu mesma tinha vontade de curar isso em mim? Que credibilidade tinha eu? Quem era eu para aconselhar fosse quem fosse?

Permiti-me afundar nesse mundo de deixar-andar. Ajudava os outros, mas era eu quem chorava na cama, antes de adormecer. Via os outros agradecerem-me pelos conselhos, pelas palavras que eu dizia, mas era eu quem não fazia um esforço para ficar melhor, para ser melhor, para me curar! 

Cheguei a um ponto da minha vida onde desejava não acordar no dia seguinte. 

Isto tudo que vos escrevo, ainda se passa em 2021. No mesmo ano que fiz cursos, que lancei um livro, que tudo estava espetacular... aos olhos dos outros. 

Não estava tudo bem meus amores. Não estava mesmo. 

Eu vivia a pedir ao Universo, a Deus, que me levasse. Estava tão cansada de viver, cansada de sentir que nada me fazia sentido, que simplesmente me limitava a existir. Tinha batido no fundo do fundo do fundo, quando achava que em 2018 já tinha sido mau. 

Parei de escrever. Aquilo que eu MAIS amo fazer, tinha deixado de fazer sentido para mim. Não tinha nada para dizer, porque tudo iria soar a mentira. E eu, que me enganava a mim mesma, com palavras bonitas, nem a escrita me fazia sentido. 

Fiz seguros. Deixei um legado de textos para publicação póstuma. Comentei de forma discreta com uma amiga que, se eventualmente, por obra do espírito santo, eu morresse, tudo seria publicado e revertido a favor de quem mais precisasse. Nota: tenho uma brincadeira com amigas sobre pensar que morreria aos 33 anos. Essa brincadeira serviu para ir avisando sobre como queria que fosse o meu post mortem.

Todos os dias pedia que Deus me levasse. Todos-os-dias. Era demasiado cobarde para me matar. Por isso pedia que a morte viesse de forma natural. E, de cada vez que acordava, era um sacrifício. 


No final do ano 2021, pensei em sair de Portugal de novo. Apesar de, na altura, estar a trabalhar na área do ouro - uma área onde sempre amei trabalhar - queria fugir da cidade, de tudo e de mim.

Comecei a sentir a necessidade da mudança. Afinal, ainda não tinha morrido. E começava a pensar que já que estava viva, convinha fazer alguma coisa por mim. 

Comecei por mudar os móveis do meu cantinho. Depois, cortei o cabelo. Ia mudando a visão das coisas mas, por dentro, estava igual. 

Fiz o ritual do final do ano. Chorei muito, pedi a Deus/Universo que me desse uma resposta sobre o que fazer à minha vida. Porque não sabia o que fazer. Mas já que estava viva, tinha de fazer alguma coisa. 

Mas o quê? Para onde vou? Para que país? E fazer o quê? 

Em fevereiro de 2022 cruzei-me com um vizinho. Tudo aconteceu muito rápido. Nunca tinha falado com ele até àquele dia. Conversa puxa conversa, acabamos por tomar café, fomos ver um jogo de hoquei, fizemos umas caminhadas e, do nada, acabamos aos beijos. 

Foi tudo tão natural que eu nem me estava aperceber do que estava a acontecer. 

A miúda que aguardava a morte estava a apaixonar-se de novo.  

E agora? Como lidar com isso? Vou embora? Mudo de país? Deixo-me levar? Mais uma história de amor que vai correr mal? E se corre bem? oh.. ele é tão fofo! 

Pedi a Deus. Pedi ao Universo um sinal e ali estava ele. Em forma de homem. Em forma de pessoa que dizia exatamente o que era certo a dizer, mesmo quando doía ouvir. As verdades doem, é certo, mas eu precisava de ouvir aquilo tudo. O pragmatismo daquele ser humano salvou-me a vida. Sou muito grata.

Hoje, ano 2023, escrevo por fim sobre tudo isto. 

Sei que quem me lê merece saber toda a verdade. Posso até perder clientes ou amigos mas HOJE apenas quero que fique o que é para ficar. 

Permito deixar ir tudo o que não me acrescenta.
Permito começar este caminho de novo.
Permito-me renascer.
Permito-me. 

Obrigada a quem está aí. Obrigada mesmo!!  

Sempre com amor, 
Ana.