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Bukowski: Born into This


Henry Charles Bukowski Jr.
Nascido Heinrich Karl Bukowski em Andernach – Alemanha a 16 de Agosto de 1920 e falecido em Los Angeles a 9 de Março de 1994.
Bukowski foi um poeta, contista e romancista estadunidense nascido na Alemanha. A sua obra de caráter - inicialmente - obsceno e estilo totalmente coloquial, com descrições dos seus trabalhos e dos seus relacionamentos baratos, fascinaram gerações que procuravam uma obra com a qual pudessem se identificar.

O documentário “Bukowski: Born into This” de 2003 – com pontuação de 7.9 no IMDB - retrata a vida real de um homem que nunca pensou ganhar dinheiro com a escrita nem ser famoso. E acabou sendo os dois.







Imagens retiradas do Pinterest - ver mais aqui 

“Se você não existisse, que falta faria?”

Hoje decidi ver um excerto de uma palestra do Mário Sérgio Cortella. Ora este senhor professor Mário é um filósofo, escritor e professor brasileiro. Basicamente é um génio a falar. A primeira vez que o ouvi falar foi no filme “Eu Maior”, “um filme sobre autoconhecimento e busca da felicidade onde foram entrevistadas trinta personalidades, incluindo líderes espirituais, intelectuais, artistas e desportistas” (para ver no YouTube aqui- aconselho vivamente).

Vi então um excerto de quase uma hora e meia da palestra “Qual é a tua obra?”. Não sei o que me fez abrir aquele vídeo. Acho que a pergunta inicial fez-me pensar: “Se você não existisse, que falta faria?”… Comecei a ver em busca de uma resposta rápida. Achava que não iria conseguir ficar uma hora e meia a ouvir um monólogo mas na verdade…fiquei. Fiquei e valeu muito a pena.

Toda a palestra tem a ver com a nossa “obra”. Mas que obra é essa afinal? A obra é aquilo que deixamos quando partimos. A obra é o nosso caminho nesta vida. É o que somos. Podemo-nos sentir um nada ou alguém que faz algo. Cabe-nos a nós decidir o que queremos fazer, ser ou deixar até ao final do nosso caminho.

Uma parte marcante para mim foi no início do minuto ’50, quando o Professor Mário fala do “Reino da Mediocridade”. Nesse momento ele comenta que sendo a esperança média de vida aos 75 anos e, se nós dormimos cerca de 8 horas por dia, estaremos a dormir durante 25 anos da nossa vida! Isto chocou-me! Primeiro porque eu adoro dormir e depois porque nos faz ver como dormir é realmente uma perda de tempo! No seguimento das médias comenta também que comemos cerca de 1.5kg de comida (solida, liquida e/ou gasosa) por dia. Ou seja, cerca de 42 toneladas de comida em 75 anos! E como seres humanos que somos, com as nossas necessidades fisiológicas, “largamos” cerca de 42 toneladas de excrementos em 75 anos! Pensando à grande escala… isto assusta!

Mas mesmo assim, o ser humano adora dormir, comer e “excrementar” usando graciosamente a expressão dele. E ainda assim queixa-se! Queixamo-nos de falta de tempo! Como nos podemos queixar de falta de tempo se gastamos em média 25 anos (!) a dormir? E mais outros anos a ver televisão? (isto para quem tem tv; eu pessoalmente não tenho)

Há famílias que dizem não ter tempo para os filhos ou para si próprios, mas têm tempo para se sentar em frente à televisão durante uma ou duas horas e ver outros seres humanos a dormir, comer e excrementar (fazendo uma grande crítica aos programas televisivos com pessoas ditas normais chamados de reality shows). E outros, que mesmo não tendo televisão, tem telemóveis e tablets e computadores que, mesmo passando horas entretidos com a vida dos outros, dizem não ter tempo para eles ou para a família.

Qual é a tua obra afinal? Que pensamos fazer afinal? Continuar as nossas vidas medíocres? Queixarmo-nos todo o tempo até estarmos no leito final, numa cama de hospital, a pedir ao médico mais uma hora para falar com o irmão que não fala há 10 anos? Ou com o marido nem que seja para dizer o quanto o ama? Citando o Professor Mário, “falam na partida daquilo que era importante na travessia.” Porque quando estamos vivos ou bem de saúde, limitamo-nos a viver a vida. Sem pensar na quão curta ela é.

Mas mesmo a vida sendo curta, nós temos é de não permitir que seja pequena. Segundo o professor, temos de nos perguntar ao longo da nossa vida: “porque fizeste o que fizeste?”; e também, “porque não fizeste o que querias fazer quando podias tê-lo feito?”

Segundo ele informa, a Regra 34 de São Bento diz: “É proibido resmungar!”.
Podemos discutir, debater e contrariar mas nunca, em momento algum, resmungar. Resmungar é o que faz o pessimista. O pessimista “espera sentado que dê errado”, citando o professor. Não se mexe. É medíocre. E um ser medíocre não tem caprichos.
Pois segundo o professor (e eu amei esta frase): “capricho é fazer o melhor na condição que se tem, enquanto não se tem condições para fazer melhor ainda”.

Quando perguntam então qual é a obra afinal, a resposta tem de vir de dentro. Temos de saber dizer que estamos a fazer o nosso melhor e não apenas o possível.
Independentemente das condições fazer sempre, mas sempre, o melhor que podemos! E é assim que fazemos a nossa obra.

“Quando você se for… e você vai. E eu também…que vai ficar?”

Parar é preciso.

Sei que poderá ser do período estar a chegar. Sei que poderá ser do tempo. Sei que poderá ser da minha cabeça. Mas na realidade parece que por vezes não me consigo mexer.
Fico parada no meu canto como se alguma força me prendesse. Como se algo me obrigasse a não fazer nada. A não ser nada. Simplesmente ver tudo a passar e não fazer nada para mudar. Acontece me muitas vezes. No trabalho. Na vida pessoal.
Ter por exemplo um anúncio de um emprego novo e não me candidatar. Ou querer arranjar as unhas e não me mexer com preguiça.
Sei que pode ser paranóia. Pode ser meu. Um problema meu. Da minha cabeça.
Mas acontece tantas vezes que chego a pensar que há alguma força por aí.
Mas na verdade sou apenas eu. Que não tenho vontade de fazer nada. E o corpo manda. E a preguiça vence.
Vou descansar. Hoje não me recomendo. 

 
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