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Está na hora de voltar a escrever

 


Estou pronta para abrir o meu coração. 

Sento-me na cadeira, em frente ao computador, e respiro. Está na hora de continuar. 


Voltando um bocadinho ao passado e, para quem só chega agora, mais vale contextualizar. 

Durante um ano, em 2013, enquanto vivia em Andorra, descobri como viver sozinha, como não ter medo de dormir sozinha, como superar desafios sozinha. Nunca o tinha feito. (está tudo no livro à venda aqui)


Sempre fui aquela pessoa que tinha de ter alguém. Tinha de ter uma companhia, um namorado, um amigo especial. E tudo bem. Nunca vi problemas nisso e sempre gostei de estar acompanhada. Sociável que sou, viver rodeada de amigos e família é o que me faz feliz, ainda hoje. 

Com a chegada de uma depressão grave, por culpa de um desgosto de amor, tudo girou ao contrário.


Não queria ver ninguém, não queria sair e ficava horas em silêncio, sem ouvir a minha própria voz (e logo eu, que adoro falar sozinha comigo mesma).


Li imensos livros de autoajuda, mas qualquer coisa que eu lesse naquele momento, não iria mudar nada. No meu pensamento eu estava paralisada. A limitar-me a sobreviver.


Foi só quando pedi uma mudança a Deus (ou Universo ou Entidade Superior, chamem o que quiserem) é que as coisas realmente começaram a mudar de posição. Foi só quando eu, em pleno desespero, pedi realmente e profundamente ajuda, é que essa ajuda veio.

O resto, conto no próximo artigo. 

Com amor,
Ana

Vivendo tudo outra vez. Mas agora, melhor.

Para que não pensem que estou maluca: 


Há dias escrevi que estou a viver uma segunda oportunidade dentro da mesma vida.

Fui passear por Cascais e eis que isto me surge: 




Em Andorra, tinhamos uma discoteca chamada "La Bodegueta"




Estais a gozar comigo ou quê? Eu não estou maluca! 

Uma história de amor bonita. Com fim. E livro.

Confesso: sou uma romântica incurável e nem o facto de nos termos separado mudou isso! 

Em 2011, embarquei numa viagem sem volta - pensava eu - até Andorra. Já tinha estado lá, uma vez que conheci o meu ex-marido em 2007 e apaixonamo-nos à primeira vista.


Em plena rua de Braga, numa noite de São João, vi aquele rapaz e soube naquele momento que iria casar com ele. Passamos a noite toda juntos, conversamos sobre imensos temas e descobrimos ali que não podíamos mais viver um sem o outro. 


Quando o meu pai me foi buscar - estava na Universidade do Minho a estudar, tinha 17 anos - disse-lhe, com os olhos a brilhar, que ia casar com aquele rapaz que acabava de conhecer. Ele riu-se de mim. Mas quatro anos depois, a verdade é que casamos. 


Esta história de amor que vos conto já terminou, mas levo-a para sempre no coração, como a mais bonita - e atribulada - história de amor que poderia ter tido. Mesmo tendo terminado, sou muito agradecida por tudo o que vivi, cresci e aprendi com aquele rapaz.


Escrevo em diários desde sempre e, na altura que me mudei para Andorra, tinha um portátil como recurso para escrever os meus desabafos. Criei, então, o blog Almofada Voadora. 


Desde o tempo da universidade - primeira vez que saí da casa dos meus pais - ando sempre com a almofada do Vitinho para todo o lado e, no momento que me vi, dentro de um avião, com a almofada na mão, a caminho de Barcelona, em busca de uma vida cheia de amor e felicidade, o nome surgiu naturalmente. E ficou para sempre. Esta é a razão do nome do blog e da marca Almofada Voadora.


Toda a criação da Almofada Voadora é minha. Sou a Ana, nasci em Viana do Castelo, em 1987 e sou eu quem escreve tudo e prepara tudo para e sobre a marca. Por isso mesmo, vou sempre escrever na primeira pessoa e vou sempre contar tudo como se desabafasse com uma amiga, que nunca tive, para ouvir as minhas histórias. 




Em 2013, o meu casamento acabou definitivamente.


Não por não nos amarmos, mas porque a evolução de ambos tinha sido diferente. Queríamos coisas diferentes, tínhamos sonhos paralelos e não era possível, naquele momento, continuar a relação.

Ainda assim, continuamos amigos e eu sou muito feliz por saber que cada um seguiu o seu caminho e vivemos felizes cada um com a sua vida. 



Publiquei um livro, em 2021, contando toda a aventura que foi ficar sozinha em Andorra.


Relatos do blog, onde escrevia em modo diário, os meus segredos mais íntimos e a minha evolução de menina para mulher. Uma menina com contas para pagar, uma vida para gerir, sem saber como fazê-lo e ainda com muito para crescer.


Não vos vou contar aqui, porque senão, não compram o livro! 🙂

Descubram por vocês mesmos! Está à venda aqui, neste link! ❤


E a história continua por aqui.

Com amor,

Ana

Mais uma história de amor (próprio) #2

(artigo anterior aqui)


Sempre gostei de estar acompanhada. Acredito que partilhar felicidade é uma bênção e fazer algo mágico, sem partilhar com o mundo, não tem graça. É por isso que escrevo.
 
Como sou filha única e sempre brinquei sozinha, usava os cadernos como escape para contar as minhas histórias. Imaginava amigas com quem partilhar as minhas aventuras. Acreditava que alguém realmente me estaria a ler.


Hoje em dia, numa relação a dois, chego a casa e partilho as minhas histórias com ele. Desabafo as minhas aventuras, os meus pensamentos, as minhas teorias e acabo por escrever menos.


Hoje em dia, estou feliz. Mas, se terminar, sigo independente.
Hoje em dia, estou bem. Mas, se ele me deixar de um dia para o outro, sigo plena.
Hoje em dia, estou a construir um futuro a dois. Mas, se não der certo por algum motivo, outros planos existem e a vida continua.

Se vives preso ao passado, não avanças com a tua vida. Se vives com medo do futuro, não aproveitas o agora. Se vives o dia-a-dia, aproveitas ao máximo o que a vida te dá e sorris para o mundo, tudo flui e tudo fica livre.


Depois de vos contar toda a minha história, ao longo destes artigos anteriores, apresento-vos todas as ferramentas de como eu consegui vencer uma depressão e chegar ao equilíbrio pessoal.


Não há perfeitos. O equilíbrio da vida são os altos e baixos. O truque é saber lidar com eles.


Com amor,
Ana.

Mais uma história de amor (próprio)

Vivi um ano sozinha em Andorra. 2013: o ano que serviu de gatilho para a minha evolução pessoal

Conhece o início da história no artigo anterior.


Quando voltei para Portugal, em 2014, de novo estava perdida e sem saber para onde ir. 

Já não me sentia bem na casa dos meus pais e precisava de encontrar uma casa para mim e recomeçar a vida no meu país. Tentei Braga. Como tinha lá vivido, achava que estaria igual. No entanto, os jardins quase desapareceram, o cimento tomou conta da cidade e as pessoas que eu conhecia por lá, já lá não moravam. Não me identifiquei mais com a cidade, até porque nem eu estava igual. Tudo tinha mudado. 


No verão desse ano, durante um festival, onde fui sozinha para renovar energias, surgiu uma pessoa. Fiquei hipnotizada durante uns tempos e vivi uns anos no Porto. Mais uma história que me levou ao autoconhecimento profundo e a uma depressão horrível. A minha primeira e única depressão. 


Depressão esta que durou mais anos do que eu queria. Demorou imenso tempo a curar. Custou muito superar toda a dor, mas aqui estou, em 2023, a contar-vos que, finalmente, passou.


Hoje, estou pronta para abrir o meu coração e contar-vos tudo. 






Em Andorra, descobri como viver sozinha, como não ter medo de dormir sozinha, como superar desafios sozinha. Nunca o tinha feito. (está tudo no livro à venda aqui)

 

Sempre fui aquela pessoa que tinha de ter alguém. Tinha de ter uma companhia, um namorado, um amigo especial. E tudo bem. Nunca vi problemas nisso e sempre gostei de estar acompanhada. Sociável que sou, viver rodeada de amigos e família é o que me faz feliz. 


Com a depressão, tudo girou ao contrário. Não queria ver ninguém, não queria sair e ficava horas em silêncio, sem ouvir a minha própria voz (e logo eu, que adoro falar sozinha comigo mesma). 


Li imensos livros de autoajuda, mas qualquer coisa que eu lesse naquele momento, não iria mudar nada. No meu pensamento eu estava paralisada. A limitar-me a sobreviver. 


Foi só quando pedi uma mudança a Deus (ou Universo ou Entidade Superior, chamem o que quiserem) é que as coisas realmente começaram a mudar de posição. Foi só quando eu, em pleno desespero, pedi realmente e profundamente ajuda, é que essa ajuda veio. 


Sigam-me! Para não perderem mais histórias! 👀

Com amor,
Ana

Ler faz bem. Ler faz pensar. E tem um poder de cura extremamente forte.

Tenho pena das pessoas que não têm o hábito de ler. Esta pena que vos falo não é com desdém, mas sim com amor. Por mim, lia alto para todos os meus amigos sentados numa "roda da leitura". Mas não tenho amigos que alinhem nesse meu sonho. 

Tenho pena das pessoas que não procuram livros de autoconhecimento, de desenvolvimento pessoal, de amor ou até sobre a capacidade de se ser bom, sobre saber lidar com as angustias da vida e acima de tudo aprender a aceitá-las, porque elas existem em todo o ser humano e muitos tentam escondê-las erradamente.  

Tenho pena das pessoas que não têm interesse em ler e/ou estudar a Bíblia. Para mim, é uma terapia. É uma entrega. Faz me muito bem sentir todo aquele Amor que sai daquele livro tão mágico. 

Sei que cada um é como cada qual e tenho todo o respeito por todas as opções do ser humano, mas confesso que me dá uma certa tristeza, o facto de enviar livros grátis (!) aos amigos ou à família e mesmo assim, não lerem. Para mim, não há falta de tempo para ler. Nunca. 

Ser curioso e querer aprender mais sobre tudo um pouco é bom. Eu leio sobre tudo. Textos curtos, poemas, crónicas, livros longos com palestras de vida e coragem... 

Vivo para ler e amo escrever. 

E tenho mesmo pena de quem não lê, de quem não tem esse impulso, de quem não vê interesse em saber mais, em se conhecer. Porque todos os livros ensinam. Todos os livros são uma partilha de alguém que pretendeu oferecer amor a outros. 

❤ Quem escreve, ama. Quem lê, é amado. ❤

Hábitos necessários: acordar cedo! - como conseguir?

"— Sabe por que a maioria das pessoas dorme tanto? 
— Por quê? 
—Porque elas realmente não têm muito mais o que fazer. Aquelas que se levantam com o sol têm, todas, algo em comum. 
— E o que é? Loucura? 
— Muito engraçado. Não, todas elas têm um propósito que abastece o fogo do seu potencial interior. São guiadas por prioridades, mas não de uma maneira obsessiva e nada saudável. É mais suave e não requer esforço. E, dado o entusiasmo e o amor que elas têm pelo que fazem na vida, elas vivem no momento. Sua atenção está totalmente voltada para o aqui e o agora. Por isso, elas não vazam energia. São as pessoas mais vibrantes e vigorosas que você pode ter a sorte de conhecer."
Robin Sharma 

Estou a tentar lidar comigo mesma. Mais uma voltinha, mais uma viagem!!! 😅

Ficar com algum tipo de doença, por mais mesquinha que seja, obriga-me sempre a parar, a refletir e a renovar projetos. Para mim, o facto de adoecer é um sinal do meu corpo a pedir qualquer coisa. E eu, como o respeito muito, paro e dou-lhe ouvidos. 

Estou com uma infecção urinária. Logo, não estando a morrer (disto, pelo menos), o facto de precisar de descansar mais ou estar mais calminha e quietinha - que nem sempre consigo - obriga-me a pensar mais, a organizar melhor as ideias e a idealizar algo novo. 

No dia-a-dia não temos grande tempo para pensar. Por mais que tenhamos uns minutos para meditar, torna-se um bocadinho automático - pelo menos para mim - e, por isso, não surge "nada novo". Todos os dias paro para agradecer o dia mas quando de repente temos de ficar sentados e quietos e as insónias aparecem, somos quase que obrigados a refletir sobre tudo...

E eu não sei quanto a vocês, mas eu, à noite, funciono como um computador. A relembrar tudo, a visualizar toda a minha vida e a questionar toda a minha existência... sou maluquinha, é o que é! 😂

Na minha última viagem noturna, pensei no Robin Sharma (não nele mesmo, mas nas palavras dele) sobre acordar cedo. Tenho acordado super cedo todos os dias. Como tenho de me levantar (a correr) para fazer xixi, fico desperta e obrigo-me a dormir "mais aquela horinha" antes de acordar para ir trabalhar. 

Ora... 

Se eu acordasse essa "horinha" mais cedo, se calhar podia fazer umas coisas giras logo pela manhã. Como ler um livro de pensamentos, escrever no diário, fazer ioga, caminhar um hora ao amanhecer. 

MAS POR QUE É QUE EU NÃO CONSIGO? 

O Instagram está cheio de pessoas que acordam cedo, tomam o seu batido mais verde - que deve ser intragável só de olhar - , vestem o seu melhor fato de treino com as sapatilhas a condizer e lá vão correr logo de manhã. 

COMO É QUE ESSAS PESSOAS CONSEGUEM? 

Eu mesmo acordando para fazer xixi - que me obriga a sair da cama - volto logo a correr mal posso, só para poder dormir mais uma horinha! 

QUAL É O MEU PROBLEMA?!

Serei a única? Será meu o defeito? Serei viciada em dormir? Dormicodependente ... 

Depois deste dilema todo, leio Robin Sharma. 💡

"Acordar e ter vontade de fazer algo." "Acordar para fazer algo" "ter intenção e gosto em acordar cedo" "ter um propósito para acordar!" ... aahh... assim já entendo melhor! 

Correr e fazer batidos verdes não me faz acordar cedo. Mas se calhar ver o nascer do sol, escrever no diário ou tomar um pequeno- almoço em meditação plena já me faz sair da cama mais depressa. 

Vou tentar. Depois conto. ❤

Esta foto é de 2018. Um dia de manhã que fui fazer ioga com a psi. 
Devo-me agarrar a esta beleza e pensar: 
É POR CAUSA DISTO QUE EU ACORDO CEDO!

Leitura Recomendada _ Elizabeth Gilbert

 


Quem me conhece sabe que o filme "Eat Pray Love" é o filme que eu mais gosto. Viagens, epifanias, busca de propósito, comida e religião... tem tudo! É um marco muito grande para mim e que me define imenso. 

E para quem não sabe, a Elizabeth Gilbert escreveu esse mesmo livro que inspirou o filme com o mesmo nome entre outros livros. Também esse é um dos livros de cabeceira na minha casa!

Além do "Come Reza Ama" (em português), também li "A Grande Magia" ("Big Magic" como título original) que recomendo vivamente a sua leitura. 

Quem já leu? Deixem as vossas opiniões! 

Beijos. 
A.V.

Livros que falam a verdade

"A mente moderna, mimada, resultou em indivíduos que se sentem merecedores de algo sem se esforçar, que sentem ter direito a algo sem se sacrificar. As pessoas se declaram especialistas, empresários, inventores, inovadores e treinadores sem qualquer experiência real de vida. Não fazem isso porque realmente se acham melhores que os outros; fazem porque acham que precisam ser incríveis para serem aceitos em um mundo que só divulga o extraordinário."
A subtil arte de dizer que se f_da

Leitura Recomendada _ Khalil Gibran

"Ainda ontem pensava que não era mais do que um fragmento trêmulo sem ritmo na esfera da vida. 

Hoje sei que sou eu a esfera, e a vida inteira em fragmentos rítmicos move-se em mim. 

Eles dizem-me no seu despertar: " Tu e o mundo em que vives não passais de um grão de areia sobre a margem infinita de um mar infinito." 

E no meu sonho eu respondo-lhes: "Eu sou o mar infinito, e todos os mundos não passam de grãos de areia sobre a minha margem." 

Só uma vez fiquei mudo. 

Foi quando um homem me perguntou: "Quem és tu?" " 

Khalil Gibran
É sempre uma delícia ler o que este senhor escreveu ❤



São estas pequenas coisas que me deixam a pensar - ainda sobre a subtil arte de dizer que se f_da

"Ironicamente, essa fixação no positivo, no que é melhor ou superior, só serve como um lembrete do que não somos, do que nos falta, do que já deveríamos ter conquistado mas não conseguimos. Afinal de contas, nenhuma pessoa realmente feliz sente necessidade de ficar falando que é feliz para si mesma no espelho. Ela simplesmente é."
a subtil arte de dizer que se f

Pois é... terminei o livro. E pairam em mim, quatrocentos e setenta e nove mil pensamentos novos que terei de ordenar para não colapsar da cabeça. 💖

O lado bom da morte - a subtil arte de dizer que se f_da

"Avanço de pedra em pedra, subindo com passos firmes, com os músculos das pernas tensos e doloridos. Naquele estado de quase transe derivado de um esforço físico lento e repetitivo, vou chegando ao topo. O céu parece grande e profundo. Estou sozinho agora. Meus amigos estão muito abaixo de mim, tirando fotos do mar. Finalmente, ultrapasso uma rocha e a vista se abre. Dá para ver até o horizonte infinito. É como se eu estivesse na borda da terra, onde a água encosta no céu, azul sobre azul. O vento sopra forte em minha pele. Eu olho para cima. É claro. É lindo. Estou no Cabo da Boa Esperança, na África do Sul, antes considerado a ponta meridional da África e o ponto mais a sul do mundo. É um lugar violento, cheio de tempestades e águas traiçoeiras. Um lugar que viu séculos de tráfico, comércio e esforço humanos. Um lugar, ironicamente, de esperanças perdidas. Quando dizemos que alguém está dobrando o Cabo da Boa Esperança, ironicamente isso significa que a vida dessa pessoa está em sua fase final, que ela não tem mais como realizar nada. Eu ultrapasso as pedras em direção ao azul, deixando a vastidão engolfar meu campo de visão. Estou suando, mas sinto frio. Empolgado, mas nervoso. É isso? O vento bate contra os meus ouvidos. Não escuto nada, mas vejo a borda: onde a pedra encontra o nada. Paro e fico ali por um instante, a vários metros de distância. Vejo o mar lá embaixo, batendo e espumando contra os penhascos que se estendem por quilômetros de ambos os lados. As marés se chocam furiosas contra as paredes impenetráveis. Bem à frente, a queda é de no mínimo cinquenta metros até a água. Lá embaixo, à minha direita, turistas pontilham a paisagem, tirando fotos e se juntando em formações quase como um formigueiro. À minha esquerda está a Ásia. Diante de mim, o céu, e atrás está tudo o que já sonhei e trouxe comigo. E se for isso? E se isso for tudo o que existe? Eu olho em volta. Estou sozinho. Dou o primeiro passo em direção ao penhasco. O corpo humano parece vir equipado com um radar natural para situações que envolvem risco de morte. Por exemplo, no instante em que você chega a uns três metros da borda de um penhasco sem proteção, certa tensão começa a percorrer seu corpo. Suas costas se enrijecem. Sua pele se arrepia. Seus olhos ficam hiperfocados em cada detalhe do ambiente. Parece que seus pés são feitos de pedra. É como se houvesse um grande ímã invisível puxando seu corpo de volta para a segurança. Mas eu luto contra o ímã. Arrasto meus pés pesados para mais perto da borda. A um metro e meio de distância, a mente se junta à festa. Agora dá para ver não só a borda do penhasco, mas o próprio penhasco, o que induz todo tipo de visualizações indesejadas de tropeções e queda e de se precipitar para uma morte catastrófica. É alto para cacete, sua mente ressalta. Tipo, alto para cacete mesmo. Cara, o que você está fazendo? Pare. Volte. Mando meu cérebro calar a boca e continuo avançando. A menos de um metro, seu corpo entra em alerta vermelho total. Agora basta um tropeço no cadarço para dar fim à sua vida. Parece que uma rajada de vento forte pode jogá-lo naquela eternidade azul bipartida. As pernas tremem. As mãos. A voz, caso você precisar lembrar a si mesmo em alto e bom som de que não está a ponto de cair para a morte. A distância de um metro é o limite absoluto da maioria das pessoas. É próximo o suficiente para se inclinar para a frente e ver a base, mas ainda longe o bastante para sentir que você não corre nenhum risco real de se matar. Ficar tão perto da borda de um penhasco, mesmo um tão lindo e fascinante como o do Cabo da Boa Esperança, causa uma sensação de vertigem e de que você vai regurgitar qualquer refeição recente. É isso? Isso é tudo que existe? Já sei tudo que vou saber? Dou outro micropasso, e mais outro. Agora são sessenta centímetros. Minha perna treme quando apoia o peso do corpo. Eu me arrasto para a frente. Contra o ímã. Contra minha mente. Contra meus instintos de sobrevivência. Faltam trinta centímetros. Agora olho diretamente para a face do penhasco. Sinto uma vontade repentina de chorar. Meu corpo instintivamente se encolhe, protegendo-se de algo imaginário e inexplicável. O vento é mais forte do que nunca. Os pensamentos são cruzados de direita no meio da cara. A trinta centímetros, você se sente flutuar. Se não olhar para baixo, parece que faz parte do céu. A essa altura, você espera cair. Fico ali agachado por um momento, recuperando o fôlego, organizando meus pensamentos. Eu me forço a olhar para a água batendo nas pedras lá embaixo. Então olho outra vez para a direita, para as formiguinhas andando, tirando fotos, correndo para ônibus turísticos, pensando na chance improvável de que alguém me veja. Esse desejo por atenção é completamente irracional, mas tudo o que estou passando também é. É impossível que alguém me veja aqui em cima, é claro. E, mesmo que não fosse, aquelas pessoas distantes não poderiam dizer nem fazer nada. Só ouço o vento. É isso? Meu corpo estremece, o medo se torna euforia e ofuscação. Eu me concentro e esvazio a mente, em uma espécie de meditação. Nada nos deixa presentes e conscientes como estar a poucos centímetros da morte. Eu me endireito, olho para a frente outra vez e me pego sorrindo. Lembro a mim mesmo que morrer não é um problema."

“O medo da morte vem do medo da vida. Um homem que vive plenamente está preparado
para morrer a qualquer momento.”

Nem todas as segundas feiras são más - a subtil arte de dizer que se f***

É segunda-feira. Está Sol. E eu estou bem-disposta. Pelo menos esta semana começa bem, contrariando as últimas semanas que têm sido de chuva e ansiedade. 
Para mim o Sol é vitamina essencial na minha vida. Não conseguiria viver num lugar onde não tivesse Sol. Já vivi sem mar (em Andorra), mas sem Sol é impossível para mim. 
Viana do Castelo tem essa coisa boa de ter mar, rio, monte, frio, muita chuva e muito solinho! Hoje é um dia desses. De frio com sol. Não está calor, é verdade. Mas o sol aquece a alma só de olhar para ele. Que bom! 

Este fim-de-semana foi super interessante. Deu para relaxar a cabeça, ver um filme da Disney - o Soul - e por a conversa em dia com amigos. 

Estou a ler um livro espetacular - A subtil arte de dizer que se f*** - e, ainda que já soubesse da sua existência há muito tempo, só agora chegou o momento de ler, entender, absorver e aprender. 
O simples facto de deixar fluir é algo que ainda estou a aprender. Tenho listas, planos, metas, tudo organizado à minha maneira e muitas vezes não deixo fluir... Erro. 

Mas como todos os dias se aprende, cá ando eu, na aprendizagem da vida de dia para dia. 
Parar é morrer. E eu, enquanto cá estiver, vou aprender sempre alguma coisa todos os dias. 
A isso se chama viver. 

Beijos. 
A.V.

Leitura Recomendada _ Augusto Cury

"Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes, mas não esqueço que a minha vida é a maior empresa do mundo. 

E que posso evitar que ela vá à falência. Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver, apesar de todos os desafios, incompreensões e períodos de crise. 

Ser feliz é deixar de ser vítima dos problemas e se tornar autor da própria história. É atravessar desertos fora de si, mas ser capaz de encontrar um oásis no recôndito da sua alma. 

É agradecer a Deus a cada manhã pelo milagre da vida. 

Ser feliz é não ter medo dos próprios sentimentos. É saber falar de si mesmo. 

É ter coragem para ouvir um “não”. É ter segurança para receber uma crítica, mesmo que injusta."

Augusto Cury

A dádiva - Khalil Gibran | Leitura recomendada

A dádiva 

Há os que dão pouco do muito que possuem, e fazem-no para serem elogiados, e seu desejo secreto desvaloriza suas dádivas. 
Há os que pouco têm e dão-nos inteiramente. 
Esses confiam na vida e na generosidade da vida e seus cofres nunca se esvaziam. 
Há os que dão com alegria e essa alegria é sua recompensa. 
Há os que dão com pena, e essa pena é seu batismo. 
E há os que dão sem sentir pena, nem buscar alegria e sem pensar na virtude. 
Dão, como num vale o mirto espalha sua fragrância no espaço. 
Pelas mãos de tais pessoas Deus fala; e através de seus olhos Ele sorri para o mundo. 

Khalil Gibran