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Momijigari - o acto de olhar para as folhas no outono

"Há uma palavra japonesa para a observação da folhagem no outono: momijigari." 

Encontrei esta frase por acaso. Por acaso? Hmm... não acredito em acasos por isso acho que era mesmo para eu ler hoje logo pela manhã! Se há coisa que eu amo é olhar para as folhas das árvores. Vê-las crescer, cair, mudar de cor, mexer... faz parte de mim desde que me conheço ter essa observação e absorção da Natureza. Hoje descubro que tem um nome específico no Japão. 


Nesta época do ano as alterações são claras! As cores mudam quase a cada dia e a paisagem de hoje nunca é a mesma mesmo quando passas no mesmo sitio no dia a seguir e a seguir e a seguir. Aí vemos a impermanência de Tudo. 

🍂🍂 🍂 🍂🍂🍂🍂 

Observar o que está ao nosso redor faz parte do mindfulness que é algo que pratico há alguns anos e me faz sentir mais consciente em relação a tudo o que está à minha volta. Saber que nada é igual por mais rotineiros que possamos ser é a magia deste Caminho maravilhoso. Nada é fixo. Nada é permanente. E as folhas das nossas árvores são a prova mais óbvia disso mesmo. 

🍄🍄🍄🍄🍄🍄🍄 

* Disfrutem nos caminhos higienicos. 
* Dêem uma volta ao quarteirão, de máscara e bem agasalhados. 
* Olhem à vossa volta. 
* Façam igual no dia seguinte e procurem as diferenças.
* Sintam a magia. 

Beijos. A.V.

Momento de recolher

Há dias assim. Dias que acordas com vontade de passar mais 24 horas debaixo dos lençois. Hoje é um dia desses... mas claro que tive de trabalhar!...
Custa sair da cama mas quando se ama o que se faz, tudo fica mais fácil!

Vou dar início à minha folga com um livro. E uma sesta. E um filme depois talvez. E silêncio.

Depois, só depois do "me-time" é que vou namorar. Porque por mais que esteja feliz (e muito) com alguém, eu estou sempre em primeiro lugar ❤ 

Bom fim-de-semana minhas bolachinhas de aveia!

Beijos.
A.V.

É a falar que a gente se entende




Hoje só vos digo que há muito que não me sentia tão feliz. 
Mas convém não dizer muitas vezes... 
Porque as pessoas gostam de ver as outras pessoas bem. 
Mas nunca melhor do que elas... 

Expressa-te.

Quem és tu quando ninguém está a ver? Em que pensas quando estás na solidão do teu Ser? Qual é a tua visão? Como vês o Mundo e o que fazes para ser melhor? Este mau tempo faz pensar. A chuva geralmente clarifica a alma. Sei o que quero. Sei o que não quero. Será que sei mesmo? Há dias assim. Acordas sem saber quem és ou o que fazes aqui. Somos obrigados a definições. Somos obrigados a rotular. Somos? Eu acho que não. Somos instantes. Vivemos num curto espaço de tempo que achamos ser eterno. E afinal, no fim disto tudo, estamos sozinhos. É bom ter alguém com quem partilhar o Caminho. E a Vida. É bom ter alguém com quem ser louco. Deve haver tempo para tudo. Incluindo tempo para nós próprios. Há quanto tempo não tens tempo? Há quanto tempo não meditas? Há quanto tempo não te deitas na cama simplesmente sem fazer nada? Agora estás sempre acompanhada. Fazes tudo sempre com alguém ao lado. É bom? Gostas disso? Ou já estás a sufocar? Sentes falta de ti? Mas sabes que nada mudou e ele sabe que precisas do teu tempo. Talvez sejas Tu quem está a fazer filmes a mais. E a viver a menos. Tens tempo. Só não tens se não quiseres. E tu sabes disso. Porque te queixas então? Porque te queixas tanto? Porque não vives simplesmente? Já pensaste que seria mais fácil se aprendesses a viver mais e a pensar menos? Zau! Toma lá pergunta fatal! Tens o teu tempo. Consegues tudo. Só não consegues se não quiseres... Já paraste para pensar nisso em vez de só pensares em asneiras ou assuntos sem nexo? Quem és tu quando ninguém está a ver? Onde te escondes? Porque foges? Porque crias uma autosabotagem quando estás bem e feliz e só te queixas porque não tens mais nada em que pensar... Já paraste para pensar "realmente" nisso?! Ou só ocupas a tua mente com cocó? E de repende ficamos sem assunto? E de repente não sabemos o que dizer? Ou calamos para não falar o que realmente queremos dizer? Quem está certo? Quem está calado? Quem vai falar primeiro? São as angustias do Ser Humano. São as angustias de simplesmente Ser. Nunca estamos bem e nunca estaremos satisfeitos. A Felicidade é um instante. E a dor faz parte do Caminho. A impermanência do Ser. Estudas sobre isso. Já sabes que amanhã passa. ❤

É nos apertos que se vê quem sim, e quem nunca!

Dei por mim a pensar que esta fase menos boa que o Mundo está a passar, também está a contribuir para que se veja quem precisa de estar perto e quem não precisa de todo de estar. No meu caso o balanço é super positivo. Tenho uma excelente família e os importantes estão cá!

Oiço dizer que as pessoas estão más, mesquinhas e sempre com o ódio ou a crítica nas palavras, mas ao mesmo tempo, também vejo famílias ficarem cada vez mais próximas. Vejo amigos a ficarem mais amigos. Noto a preocupação pelos mais queridos. Há mais telefonemas entre família! E isso é muito importante!

Se olharmos para o lado positivo da situação, notamos isso mesmo. Mais compreensão e mais compaixão para com o outro. Com isto, peço por favor para não darem importância ao que lêem no Facebook ou qualquer outra rede social -  não é aí que se vê como são as pessoas!  


Por outro lado e, infelizmente, também vejo o afastamento de outra gente. Talvez porque cada um prioriza quem mais ama. Amigos de longe enviam mensagens de preocupação e amigos da porta ao lado, não dão qualquer importância se alguém está doente ou não na família... Faz parte. E está tudo bem. 

De certeza que essas pessoas que não se preocupam connosco, vão se preocupar com outras pessoas que lhes são mais prioritárias de preocupação e vice-versa. É assim que funciona. Damos importância a quem mais nos importa. Vendo isso, saberemos valorizar ainda mais quem temos à nossa volta! 

Por aqui só tenho a agradecer quem está. E quem não está é porque não faz falta! 
Amem-se uns aos outros e cuidem-se! 

Beijos. 
A.V.

A semana já começou mas eu ainda estou a pensar no fim-de-semana

A semana já começou com chuva e vento mas eu ainda me sinto dentro da onda de felicidade do fim-de-semana que passou!

O meu pai fez 65 anos e celebramos da melhor maneira possível, em casa. Só os quatro mas foi o suficiente para um fim de semana de arromba! Com direito a balões e tudo! Entre prendas para todos, muita música e arrumações, passamos o fim de semana todo em casa! 😊


Cada vez mais queremos ficar em casa e cada vez menos temos vontade de almoçar fora e/ou andar no passeio. Pedimos comida ao nosso querido Manel do Bota D´Água  e celebramos em família. 

Entretanto, voltei a mudar o meu canto porque ainda não me sinto confortável... ainda não está como quero mas vai ficando cada vez melhor! Finalmente tenho quadros nas paredes! (fotos para breve!)

Não tem sido fácil chegar ao equilíbrio do meu sítio. Até eu ainda me estou a tentar equilibrar com tudo o que me tem acontecido... Mas aos poucos vou decorando o meu ninho e aos poucos vou me sentindo mais familiarizada com todo o espaço e com tudo à minha volta. Agora até tenho mesinha para ver filmes! Vai ficar lindo! Com calma tudo se resolve!


Como tudo na Vida, também estas decorações pós-obras levam o seu tempo, mas acredito que este ano com o Natal quase a chegar - caaalma, ainda faço anos primeiro - a casa vai ficar super maravilhosa para toda a família! 

Haja saúde para podermos viver nela com toda a Felicidade do Mundo! ❤
Boa semana a todos. Cuidem-se!

A.V.

Meditar cura corpo, mente e alma

"Deve sentar-se a meditar durante vinte minutos todos os dias, a menos que esteja muito ocupado. Nesse caso deve sentar-se durante uma hora."
Proverbio Zen

Vivemos entre o "tenho medo" e o "isto não é nada"

Estamos a viver uma pandemia. É um facto. 

Estamos num capítulo da História mundial onde precisamos de ter os cuidados máximos connosco e com os outros. Precisamos de ser muito cuidadosos nesta fase crítica que o Mundo está a passar. 

Todo este stress faz com que possamos perder o nosso equilíbrio emocional. Seja com medo do vírus, medo de ser contagiado ou contagiar, medo da doença, medo do medo. Estamos atualmente a viver com medo. E este medo também nos coloca numa posição mais frágil e vulnerável. Sendo isto tudo uma bola de neve, cabe a cada um encontrar o seu ponto de equilíbrio e proteção. 

Cada um de nós deve proteger-se.
Cada um de nós deve manter o distanciamento por mais que custe estar longe da família ou dos amigos.
Cada um de nós deve usar máscara na rua pois não sabemos quem passa ao nosso lado.
Cada um de nós deve ceder a passagem nas ruas estreitas. 
Cada um de nós deve evitar ir para a esplanada. 

Eu sei que nada disto é fácil. No entanto também vejo o outro lado... Trabalho no meio da avenida principal da minha cidade e vejo umas pessoas aglomeradas e outras a fugirem desses mesmos aglomerados. As pessoas vivem, trabalham, levam os filhos à escola, fazem compras. O Mundo não parou mas estando numa fase tão agressiva e desconhecida como esta, as pessoas deviam ter ainda mais cuidado, pelo menos na rua. 

Com o solinho de inverno que tem estado, algumas pessoas inconscientes vão para a esplanada, sem máscara, sentam-se umas ao lado das outras e conversam como se nada fosse. Eu já não frequento esplanadas! Posso tomar um café rápido, mas não faço sala em lado algum a não ser em casa. 

Tenham cuidado por favor! Isto não está para brincadeiras. Enquanto não soubermos o que isto é realmente, não vale a pena facilitar. Fiquem em casa! 

Viver com Dúvida gera Medo

Não ia escrever sobre isto mas acho necessário desabafar sobre esta "nova realidade". E com os casos a aumentar em Portugal, eu também começo a ficar mesmo preocupada!

Não sei o que é a Covid19. Não sou especialista em vírus e não sei de onde vem isto, como se propaga e quando poderá acabar. Procuro no Google a simples palavra "coronavírus" e sou bombardeada de informação assustadora e variada. Não há ainda nada concreto que explique realmente o que é esta "coisa" e como se combate.

Uns dizem que é uma guerra, outros falam de influência política, outros dizem simplesmente que "foi sem querer" ou "foi um animalzinho na China"... 
Não sei. Não percebo nada. Mas a verdade é que toda a gente está com medo. Eu também. 
O Mundo está em pânico. As pessoas estão preocupadas. Vivemos em constante alerta e ansiedade generalizada. E os casos têm tendência a aumentar...


No meu caso, tenho uma mãe com problemas respiratórios. Uma mãe que, mesmo antes da existência deste vírus, toma a vacina da gripe e fica internada no hospital. (mas tem sempre de tomar a vacina...todos os anos!...)
Tenho uma mãe com um pseudo-hospital em casa - desde nebulizadores, bombas, Atrovent, oxímetros e afins. Tudo nomes estranhos que eu já conheço de perto... Daí esta pandemia me assustar ainda mais. A mim e a todos em casa. 

Todos sabemos que a mamã é a pessoa mais de risco da família e tratamo-la com todos os cuidados sem a deixar sair muito de casa ou apanhar frio. Ainda é nova, tem 62 anos, mas tendo em conta o historial anual de idas ao hospital por causa de simples gripes, ficamos com o coração nas mãos caso apanhe algo mais complexo como este vírus que não se entende ao certo como vem ou como vai.

Viver com a dúvida se podemos ou não contrair este vírus é quase tão grave como estar infetado. Viver com o peso de podermos contagiar quem mais amamos é quase como andar com uma granada nas mãos diariamente. 

Ficamos paranoicos. Lavamos as mãos 557 vezes por dia, fugimos das pessoas na rua, andamos pelas quelhas para não passar por ruas mais movimentadas... 
Todos estamos com medo. 

A questão que coloco é: como saber? 

Como podemos saber se realmente estamos a proteger nos da forma correta? Ler os conselhos da DGS chega? Usar máscara e lavar as mãos chega? 

Já não saímos, já não jantamos fora sem ser na esplanada e longe de todos...
Fomos de férias os 4 para um sítio escondido. cheio de cuidados redobrados, onde não havia muita gente para fugirmos da confusão... até quando isto? Quando vai acabar? Quando saberemos ao certo que realmente nos estamos a proteger? Quando poderemos voltar a ser livres?

Mais info: 
SNS - DGS para aprender 
DGS para tentar cuidar 
Google para confundir

Vai correr tudo bem. É o que dizem... 
A.V. 

Outubro

Hoje é dia de soprar canela... 💨

Que Outubro seja leve... 🍂🎃 

Cuidem-se por favor!

Beijos. 
A.V.

Felicidade Clandestina - Clarice Lispector

"Eu ia andando pela avenida Copacabana e olhava distraída edifícios, nesga de mar, pessoas, sem pensar em nada. Ainda não percebera que na verdade não estava distraída, estava era de uma atenção sem esforço, estava sendo uma coisa muito rara: livre. Via tudo, e à toa. Pouco a pouco é que fui percebendo que estava percebendo as coisas. Minha liberdade então se intensificou um pouco mais, sem deixar de ser liberdade. Não era tour de propriétaire, nada daquilo era meu, nem eu queria. Mas parece-me que me sentia satisfeita com o que via. E tive então um sentimento de que nunca ouvi falar. Por puro carinho, eu me senti a mãe de Deus, que era a Terra, o mundo. Por puro carinho, mesmo, sem nenhuma prepotência ou glória, sem o menor senso de superioridade ou igualdade, eu era por carinho a mãe do que existe. Soube também que se tudo isso "fosse mesmo" o que eu sentia — e não possivelmente um equívoco de sentimento — que Deus sem nenhum orgulho e nenhuma pequenez se deixaria acarinhar, e sem nenhum compromisso comigo. Ser-Lhe-ia aceitável a intimidade com que eu fazia carinho. O sentimento era novo para mim, mas muito certo, e não ocorrera antes apenas porque não tinha podido ser. Sei que se ama ao que é Deus. Com amor grave, amor solene, respeito, medo, e reverência. Mas nunca tinham me falado de carinho maternal por Ele. E assim como meu carinho por um filho não o reduz, até o alarga, assim ser mãe do mundo era o meu amor apenas livre. E foi quando quase pisei num enorme rato morto. Em menos de um segundo estava eu eriçada pelo terror de viver, em menos de um segundo estilhaçava-me toda em pânico, e controlava como podia o meu mais profundo grito. Quase correndo de medo, cega entre as pessoas, terminei no outro quarteirão encostada a um poste, cerrando violentamente os olhos, que não queriam mais ver. Mas a imagem colava-se às pálpebras: um grande rato ruivo, de cauda enorme, com os pés esmagados, e morto, quieto, ruivo. O meu medo desmesurado de ratos. Toda trêmula, consegui continuar a viver. Toda perplexa continuei a andar, com a boca infantilizada pela surpresa. Tentei cortar a conexão entre os dois fatos: o que eu sentira minutos antes e o rato. Mas era inútil. Pelo menos a contiguidade ligava-os. Os dois fatos tinham ilogicamente um nexo. Espantava-me que um rato tivesse sido o meu contraponto. E a revolta de súbito me tomou: então não podia eu me entregar desprevenida ao amor? De que estava Deus querendo me lembrar? Não sou pessoa que precise ser lembrada de que dentro de tudo há o sangue. Não só não esqueço o sangue de dentro como eu o admito e o quero, sou demais o sangue para esquecer o sangue, e para mim a palavra espiritual não tem sentido, e nem a palavra terrena tem sentido. Não era preciso ter jogado na minha cara tão nua um rato. Não naquele instante. Bem poderia ter sido levado em conta o pavor que desde pequena me alucina e persegue, os ratos já riram de mim, no passado do mundo os ratos já me devoraram com pressa e raiva. Então era assim? 

Eu andando pelo mundo sem pedir nada, sem precisar de nada, amando de puro amor inocente, e Deus a me mostrar o seu rato? A grosseria de Deus me feria e insultava-me. Deus era bruto. Andando com o coração fechado, minha decepção era tão inconsolável como só em criança fui decepcionada. Continuei andando, procurava esquecer. Mas só me ocorria a vingança. Mas que vingança poderia eu contra um Deus Todo Poderoso, contra um Deus que até com um rato esmagado podia me esmagar? Minha vulnerabilidade de criatura só. Na minha vontade de vingança nem ao menos eu podia encará-Lo, pois eu não sabia onde é que Ele mais estava, qual seria a coisa onde Ele mais estava e que eu, olhando com raiva essa coisa, eu O visse? No rato? Naquela janela? Nas pedras do chão? Em mim é que Ele não estava mais. Em mim é que eu não O via mais. Então a vingança dos fracos me ocorreu: ah, é assim? pois então não guardarei segredo, e vou contar. Sei que é ignóbil ter entrado na intimidade de Alguém, e depois contar os segredos, mas vou contar — não conte, só por carinho não conte, guarde para você mesma as vergonhas Dele — mas vou contar, sim, vou espalhar isso que me aconteceu, dessa vez não vai ficar por isso mesmo, vou contar o que Ele fez, vou estragar a Sua reputação. 

Mas quem sabe, foi porque o mundo também é rato, e eu tinha pensado que já estava pronta para o rato também. Porque eu me imaginava mais forte. Porque eu fazia do amor um cálculo matemático errado: pensava que, somando as compreensões, eu amava. Não sabia que, somando as incompreensões, é que se ama verdadeiramente. Porque eu, só por ter tido carinho, pensei que amar é fácil. É porque eu não quis o amor solene, sem compreender que a solenidade ritualiza a incompreensão e a transforma em oferenda. E é também porque sempre fui de brigar muito, meu modo é brigando. É porque sempre tento chegar pelo meu modo. É porque ainda não sei ceder. É porque no fundo eu quero amar o que eu amaria — e não o que é. É porque ainda não sou eu mesma, e então o castigo é amar um mundo que não é ele. É também porque eu me ofendo à toa. E porque talvez eu precise que me digam com brutalidade, pois sou muito teimosa. E porque sou muito possessiva e então me foi perguntado com alguma ironia se eu também queria o rato para mim. É porque só poderei ser mãe das coisas quando puder pegar um rato na mão. Sei que nunca poderei pegar num rato sem morrer de minha pior morte. 

Então, pois, que eu use o magnificat que entoa às cegas sobre o que não se sabe nem vê. E que eu use o formalismo que me afasta. Porque o formalismo não tem ferido a minha simplicidade, e sim o meu orgulho, pois é pelo orgulho de ter nascido que me sinto tão íntima do mundo, mas este mundo que eu ainda extraí de mim de um grito mudo. Porque o rato existe tanto quanto eu, e talvez nem eu nem o rato sejamos para ser vistos por nós mesmos, a distância nos iguala. Talvez eu tenha que aceitar antes de mais nada esta minha natureza que quer a morte de um rato. Talvez eu me ache delicada demais apenas porque não cometi os meus crimes. Só porque contive os meus crimes, eu me acho de amor inocente. Talvez eu não possa olhar o rato enquanto não olhar sem lividez esta minha alma que é apenas contida. Talvez eu tenha que chamar de "mundo" esse meu modo de ser um pouco BC tudo. Como posso amar a grandeza do mundo se não posso amar o tamanho de minha natureza? 

Enquanto eu imaginar que "Deus" é bom só porque eu sou ruim, não estarei amando a nada: será apenas o meu modo de me acusar. Eu, que sem nem ao menos ter me percorrido toda, já escolhi amar o meu contrário, e ao meu contrário quero chamar de Deus. Eu, que jamais me habituarei a mim, estava querendo que o mundo não me escandalizasse. Porque eu, que de mim só consegui foi me submeter a mim mesma, pois sou tão mais inexorável do que eu, eu estava querendo me compensar de mim mesma com uma terra menos violenta que eu. Porque enquanto eu amar a um Deus só porque não me quero, serei um dado marcado, e o jogo de minha vida maior não se fará. Enquanto eu inventar Deus, Ele não existe."
Perdoando Deus - Clarice Lispector 

Preparando uma semana nova e feliz!

Se há coisa que eu gosto de fazer é escrever listas e organizar planos! A segunda-feira, para mim, é o dia de planear a agenda e organizar a semana. Preparo os afazeres, marco coisas e relembro compromissos sempre nesse dia. É a melhor maneira de andar organizada e saber o que fazer sem entrar em stress. 

Pelo que leio nas redes e nos blogues, há pessoas que se organizam mais ao domingo. No entanto para mim, o domingo é dia de não fazer rigorosamente nada! É o único dia completo de folga que tenho e, por isso, agendar, cozinhar ou arrumar, não entram nas prioridades desse dia. Como trabalho ao sábado de manhã, tiro a tarde desse dia para arrumar o meu cantinho, fazer os recados pendentes e estar com a família. Ao domingo, estou livre, para não fazer nada e assim escolho sempre algo diferente para fazer! 
E neste fim de semana foi exatamente isso que aconteceu! Sábado para arrumar e domingo para ficar no sofá! ❤


Agora que iniciamos uma semana nova, organizo-me de forma a ter tempo para tudo também. 💡

Tiro um tempo para descansar com a família, para ler umas páginas de um livro, agendo hora para praticar meditação guiada, organizo-me para arrumar e fazer as lides de casa sem ficar obcecada com isso e tiro muito tempo para namorar também... 

Se soubermos gerir o tempo, saberemos ter tempo para tudo. Acredito que a falta de tempo é uma desculpa esfarrapada. Porque quando se quer muito uma coisa, fazemos trinta por uma linha para que aconteça... nem que tenhamos de dormir pouquinho um dia ou outro! 

A organização é essencial para o dia-a-dia e saber as nossas prioridades importa ainda mais. Não temos falta de tempo. Temos sim, prioridades na vida! Todos sabemos o que queremos e o que não queremos! O problema é que quando dizemos que andamos ocupados e sem tempo é porque estamos a dar mais importância a uma coisa e não a outra.

Vivemos de prioridades. Lutamos pelos nossos sonhos, pelas nossas coisas, pelos objetivos... e quando precisamos de tempo, criamo-lo! Só temos é de nos organizar e saber escolher prioridades!

Boa semana. Organizem-se e cuidem-se por favor. 

Beijos. 
A.V.