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Nada é fixo. Nada é permanente. Muito menos o dinheiro.

Neste ano atípico todo o cuidado é pouco. Há imensas empresas a fechar, centenas de pessoas desempregadas e/ou em risco de perder o seu emprego por causa desta maldita pandemia. O dinheiro começa a escassear para muitas famílias e muitas pessoas estão a entrar em desespero. Aqui vai um bocadinho de luz para essas pessoas. Continuem a ler... 

Imagem ilustrativa do Google

Costumo apelidar-me de Tio Patinhas porque durante toda a minha adultês-inicial tive pouco (ou nenhum) dinheiro e aprendi com a experiência - bem pesada - sobre como lidar com a gestão financeira e não voltar a ser pobre. 

Já cheguei a não ter dinheiro para comprar comida

Já vivi uns tempos a contar os trocos. Já passei por fases da minha vida onde o dinheiro não sobrava de todo. E por vezes até faltava. Em Andorra, quando fiquei sozinha por lá, foi a fase pior. (não havia mamã-com-tupperwares e eu, com vergonha, recusava-me a pedir dinheiro aos meus pais)
Nota: os meus pais só souberam destas histórias anos depois de eu voltar a Portugal. Nenhum pai ou mãe gosta de saber que a filha conta os cêntimos para comprar comida ou vai pedir fruta "estragada" ao super abaixo de casa para poder comer... mas são estas vivências de merda que me fazem aquilo que sou hoje! 💪

Quando vivi em Andorra era muito nova, muito irresponsável e se soubesse o que sei hoje, teria feito muita coisa diferente... mas na altura fazia o que achava ser o melhor... Desde miúda que sempre gostei de sair à noite - sou filha de músico, está-me no sangue o movimento - e, em Andorra a noite era movimentada de segunda a domingo. Então eu, jovenzinha e irresponsável que era, só queria farra. E aproveitei imenso naquela altura! Até ao momento que tive de escolher que: ou comia ou saía à noite. Porque não dava para tudo. Muito menos estando a viver sozinha.

Da minha experiência no exterior posso afirmar que ser emigrante sozinho não vale a pena. 

Uma coisa é viver com alguém, seja família ou amigos, e partilhar despesas; outra coisa é estar completamente sozinho num país, fora de casa e, ter de pagar todas as contas sem ajuda extra. Consegues pagar tudo, é um facto, mas não sobra nada. Não dá para poupar nem 1 cêntimo! Então, no tempo que lá estive sozinha, vivi de tal forma para o trabalho que nunca cheguei a esquiar no tempo todo que lá estive! 

Em Andorra cheguei a ter dois empregos para poder juntar algum dinheiro. Durante um ano, só parava mesmo para dormir, e pouco. Não era vida. E com o cansaço do trabalho excessivo fiquei doente. Decidi doar tudo o que tinha comprado a umas amigas que tinha lá - moveis e eletrodomésticos de uma casa maravilhosa onde vivia - em troca de alojamento temporário para poder ter só um emprego, descansar a cabeça e regressar ao meu país com dinheiro no bolso. E assim foi. 

Quando se passa de uma vida super desafogada e com tudo o que podia querer para uma vida sem nada e passar a ter de pagar tudo sozinha, tem de se obrigatoriamente aprender a gerir o dinheiro. Nesta situação atual de pandemia, acredito que muita gente estará como eu estive naquela altura. A contar os trocos para pagar tudo e a escolher que comida comprar no supermercado. Eu entendo essas pessoas. Entendo a vergonha que é ter de pedir. E entendo o desespero silencioso. 

Posso partilhar então que, com essa experiência, aprendi:

- a fazer compras só do essencial - temos mais do que precisamos em casa e não temos noção disso quando não falta dinheiro na carteira.
- a apontar toooodos os gastos diários, mesmo os mais supérfluos, para verificar a cada final do mês onde poderia poupar no mês seguinte - aquele café desnecessário, aquela compra supérflua... 
- a escolher bem o que comprar e onde comprar. - ver as promoções, os produtos com validade curta que ficavam mais baratos...

Com essa experiência - tramada e nada fácil - ganhei uma organização tal que ainda hoje mantenho esses hábitos, mesmo já tendo dinheiro na conta. E estando no meu país, sei que qualquer euro que poupe é para ser gasto aqui, em casa, onde estou atualmente e não tenciono sair. 

Muitos perguntam como consegui estar onde estou hoje... 

Estou aqui porque me esforcei ao máximo por poupar, abdicar, comer menos, juntar cada cêntimo... Não é fácil, eu sei. Mas não é impossível. E, acreditem, começamos a valorizar coisas que numa outra altura não valorizaríamos

A quem se encontra com dificuldades que se reorganize. As mudanças de hábito são horríveis para o ser humano, e eu que o diga! Mas mudando o pensamento conseguimos melhorar em tudo. Confiem em mim!

- Não desistir de procurar emprego. Mesmo que não seja da vossa área, tentem sempre ter algum rendimento a entrar na vossa conta... 
- Não ceder à tentação das compras desnecessárias... Não faz falta ter tanta coisa. 
- Ter o hábito de reutilizar tudo. Ver o que temos em casa que podemos transformar em outra coisa qualquer... quem é que ainda faz panos da loiça com lençóis velhos? Já se perdeu essa tradição... 

Vejamos o lado positivo sempre e devemos acima de tudo ter a coragem de pedir ajuda quando não estamos bem. Quando não temos de comer, nunca ninguém nega um prato de comida. Há instituições de caridade que ajudam. Não se isolem! Não desistam! Não tenham vergonha!

Isto tudo vai passar mas também nos vai ensinar imenso a sermos melhores!  
Confiem! 💜

Com muito amor, 
A.V.

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